Wednesday, May 20, 2015

Amores

Gosto de pensar que acredito em certas coisas porque há uma lógica por trás delas e não porque sim. Falo, por exemplo, da legalização do aborto, no ser de sempre de Esquerda, em defender o casamento homosexual, no ser absolutamente contra o racismo e a favor de todo o tipo de sexualidades, no ser ateia e ter muita aversão à igreja católica, no meu amor pelo meu filho. São tudo coisas que defendo sempre, pelas quais luto e me chateio, porque são para mim coisas não discutíveis mas sim absolutamente lógicas e racionais. Há uma excepção: o Benfica. Gosto do Benfica porque sim mas não de forma menos plena.

Este fim de semana fui a casa dos meus amigos P&N e dei por mim a ver o jogo com alguns Sportinguistas (e muitos Benfiquistas). Até aí tudo bem. Mas começam a mandar bocas, provocações baratas, dizendo que são do Guimarães e erc e tal. E eu, "okay, eu calo-me". E de repente o pai do N insiste uma e outra vez e, sem pensar, respondo-lhe torto dizendo que percebo que se seja de um outro clube mas não que se seja anti-Benfica e que isso é de uma total estupidez. Chamei-o por nome, ele calou-se, eu fiquei a sentir-me muito parva e mal-educada, e levantei-me e fui lá para fora. Pensei em pedir desculpas mas não o fiz. 

Esta foi também uma tarde em que me encontrei solitária na minha aversão a Fátima mas a minha relação com a P, tem espaço para essa discordância. Ou seja, uma tarde um pouco combativa e em que pensei, uma e outra vez, que tenho que ser menos assertiva e menos dada a declarações bombásticas. 

Imagino que o pai do N não mo leve a mal, conheço-o há anos sem fim, e não é a primeira vez que não estamos de acordo. Mas ficou claro para mim que há amores que não se explicam, simplesmente são, o Benfica é o meu.


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