Acho que o meu filho quando crescer vai ser diplomata. Há uns tempos disse-me que ia ser medico, como a babysitter que está a estudar para ser enfermeira. Achei bem, mas depressa descobri que não era tanto pela medicina mas sim pelos instrumentos/ferramentas (tools), os estetoscópios, et cetera e tal. Mas eu acho que ele vai ser diplomata. E cheira-me que vai ser bom. Não é só pelo facto de que o M quando quer que eu faça qualquer coisa em momentos inoportunos (tipo vamos brincar aos aviões quando estou a fazer o jantar) me diz “do you want to play with me?” e sem me dar tempo para responder, diz “Yes? Yes! Of course you do!”; também não é pelo facto de me oferecer sempre o brinquedo que menos gosta (há que proteger os interesses da nação mas manter a fachada de quem está a cooperar) nas nossas muito coreografadas brincadeiras; e finalmente, também não é pela sua decisão, a tão tenra idade, de que ele afinal o que fala mesmo é Espanhol (um gesto de amizade para com os nuestros hermanos que só pode trazer frutos, e que demonstra grandes conhecimentos tácticos). É pela enorme empatia com a qual ouve o que se lhe diz, e pelos olhinhos grandes que faz quando responde, mostrando que sim, que ele percebe e que está de acordo. Sendo que dois minutos depois vira costas e faz o que lhe apetece.
Serviço diplomático Português (ou Espanhol se acreditarmos no rapaz) aqui está o próximo Exmo. Senhor Embaixador.
p.s - Já sei que pela descrição também poderia ser politico. Mas recuso-me a aceitar tal coisa!
Monday, April 27, 2009
Friday, April 24, 2009
A Gloria Gaynor roi-se de inveja
Com coreografia e tudo...
Mas bom, bom, e quando vamos a atravessar a estrada e o M olha para um carro, estica o braco e diz "Stop! In the name of heart..."
Mas bom, bom, e quando vamos a atravessar a estrada e o M olha para um carro, estica o braco e diz "Stop! In the name of heart..."
Tuesday, April 21, 2009
Livros, Birras e Livros sobre Birras
O M tem bom feitio. Quase sempre. Mas quando nao tem, nao tem mesmo. A minha atitude perante as pequenas (ou grandes) birras dele costuma ser ignorar. Ignoro e (mais tarde ou mais cedo) passa. Mas a semana passada comecei a ler um livro sobre como falar com criancas, e o primeiro capitulo era sobre reconhecer as emocoes da crianca em vez de ignorar ou minimizar. Tenho andado a por estes ensinamentos em pratica com alguns (mas limitados) resultados. Ate hoje.
Hoje a noite o M decidiu nao cooperar, ou cooperar a maneira dele (lenta, e com muiiiiitas distracoes). Eu disse-lhe dez vezes que ja chegava mas sem resultados. E entao disse-lhe que dado o tarde da hora hoje nao havia historia. O berreiro, o drama, lagrimas, choros, gritos. Porque o meu filho tem uma versao de drama queen que nao sai a mim. Sai do quarto por uns instantes, voltei, sentei-me e peguei-lhe ao colo. Quando ele deixou de resistir e acalmou um pouco, embora ainda com choros e muitos "eu quero a rosamaria!!!", eu disse-lhe "eu sei que tu estas triste e decepcionado porque querias ler o livro da Rosamaria" e para meu espanto, meu enorme espanto, meu grandesissimo espanto, ele parou de chorar e disse que sim com a cabeca. E eu continuei, "mas ja e tarde porque tu nao querias por a fralda, nem o pijama, e agora ja nao pode ler o livro", uns olhinhos tristes, "mas se tu quiseres eu ponho o livro na tua cama e tu podes ler um bocadinho antes de adormecer."
E foi assim que ambos saimos desta situacao com uma pequena vitoria. E foi tambem assim que o M foi dormir com a Rosamaria (que por acaso se chama "rosamaria ema angela lynette isabel iris da Silva" porque ca em casa tudo se traduz) todo feliz e contente. E eu fiquei toda contente pela minha grande e pedagogica aprendizagem. E agora talvez va ler o segundo capitulo.
Hoje a noite o M decidiu nao cooperar, ou cooperar a maneira dele (lenta, e com muiiiiitas distracoes). Eu disse-lhe dez vezes que ja chegava mas sem resultados. E entao disse-lhe que dado o tarde da hora hoje nao havia historia. O berreiro, o drama, lagrimas, choros, gritos. Porque o meu filho tem uma versao de drama queen que nao sai a mim. Sai do quarto por uns instantes, voltei, sentei-me e peguei-lhe ao colo. Quando ele deixou de resistir e acalmou um pouco, embora ainda com choros e muitos "eu quero a rosamaria!!!", eu disse-lhe "eu sei que tu estas triste e decepcionado porque querias ler o livro da Rosamaria" e para meu espanto, meu enorme espanto, meu grandesissimo espanto, ele parou de chorar e disse que sim com a cabeca. E eu continuei, "mas ja e tarde porque tu nao querias por a fralda, nem o pijama, e agora ja nao pode ler o livro", uns olhinhos tristes, "mas se tu quiseres eu ponho o livro na tua cama e tu podes ler um bocadinho antes de adormecer."
E foi assim que ambos saimos desta situacao com uma pequena vitoria. E foi tambem assim que o M foi dormir com a Rosamaria (que por acaso se chama "rosamaria ema angela lynette isabel iris da Silva" porque ca em casa tudo se traduz) todo feliz e contente. E eu fiquei toda contente pela minha grande e pedagogica aprendizagem. E agora talvez va ler o segundo capitulo.
Friday, April 17, 2009
Tuesday, April 14, 2009
A pergunta mais temida
No caminho para casa eu estava-te a dizer que um menino da tua escola me tinha chamado 'mamã do M' e que eu lhe tinha respondido por 'filho do kenton'.
A tua resposta imediata, 'why mama?'.
É simples, porque o Kenton é o papá do teu amigo.
Who is my daddy?
(A tal pergunta que eu sabia vinha ai um dia, e que ainda há-de vir muitas mais vezes e que me custa responder por saber que vais ficar triste por não teres o teu pai por perto).
O teu papa é o Fa.
And why doesn't Fa live with us for longer?
A resposta que eu te dei foi inconsequente (por causa do trabalho) mas um dia quando fores mais velho eu explico-te as coisas com calma, com atenção, com cuidado e sobretudo com muito amor.
A tua resposta imediata, 'why mama?'.
É simples, porque o Kenton é o papá do teu amigo.
Who is my daddy?
(A tal pergunta que eu sabia vinha ai um dia, e que ainda há-de vir muitas mais vezes e que me custa responder por saber que vais ficar triste por não teres o teu pai por perto).
O teu papa é o Fa.
And why doesn't Fa live with us for longer?
A resposta que eu te dei foi inconsequente (por causa do trabalho) mas um dia quando fores mais velho eu explico-te as coisas com calma, com atenção, com cuidado e sobretudo com muito amor.
Viva o M?
Eu bem tentei, e continuo a tentar. Na quinta feira, na expectativa de um fim de semana comprido, expliquei ao meu filho que amanha e fim de semana, podes acordar mais tarde. Resposta pronta e convicta, que nao, que vem ter comigo mal acorde e que eu lhe posso dizer, "Yeah, Viva o M!"
Podia, e um facto, mas as 6.30 da manha faltam-me as palavras...
Podia, e um facto, mas as 6.30 da manha faltam-me as palavras...
Wednesday, April 1, 2009
uma semana atroz
Para além das 9 horas de aulas semanais, das 4 horas de 'atendimento aos alunos', das inumeras horas que passo a ler o material que damos nas aulas, das ainda mais longas horas que passo a preparar as próprias as aulas,ainda tenho que ter tempo e paciência para o meu filho, arrumar a casa, cozinhar e dormir. Isto é uma semana normal. Mas esta semana também tenho que acabar de fazer as revisões de um capítulo para um livro, e tenho o prazo final de entrega de um "grant proposal". Ou seja, tenho tido uma semana atroz, horrível, extenuante, dos diabos. E claro, quando isso acontece o meu filhote reage. Ontem no meio de uma discussão sem sentido ele diz-me "Eu quero ir embora! Vamos embora! Eu no quero viver em Toronto! I don't like this house!"
Ah, é que me esqueci de dizer que para além das aulas, dos alunos, da leitura, da preparação, da limpeza, dos cozinhados e das brincadeiras também tenho mais do que a minha quota parte de culpa por não estar mais presente.
Ah, é que me esqueci de dizer que para além das aulas, dos alunos, da leitura, da preparação, da limpeza, dos cozinhados e das brincadeiras também tenho mais do que a minha quota parte de culpa por não estar mais presente.
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