Não costumo usar o blog para pensar sobre o mundo mas nesta manhã em que o Trump ganhou não posso deixar de o fazer. Pergunto-me - como aliás tenho feito desde que a UE decidiu que a democracia Grega não conta, que os refugiados não interessam, ou que a inacção é a melhor política; desde que a Hungria eregiu muros; desde que a Rússia anexou partes da Ucrânia, ou ajudou a bombardear um avião de civis; desde que a Polónia elegeu um governo de direita que sem pudores muda leis para servir os seus interesses; desde que (alguns) países do Norte afirmam publicamente que no Sul somos todos um bando de preguiçosos; e mais e mais - o que vai acontecer com a Europa e com o Mundo.
O Brexit, o Trump, o não da Grécia, o longo impasse governamental em Espanha, a Hungria, a Polónia, combinada com a falta de confiança no "sistema", nos media, na ciência e amplificada pela desinformação activa e constante e pela criação de realidades-personalizadas, deram azo a uma ausência de factos que possam ser usados como base de discussão e criação conjunta.
Li, há tempos, um artigo que afirmava que antes das duas guerras mundiais até as elites intelectuais se desencantaram com a democracia. Se como Churchill disse, 'a democracia é o pior dos sistemas, excepto todos os outros' o que vem a seguir? É tanta
a gente (de todas as classes e com todos os tipos de educação) que
deixou de acreditar no poder da democracia, passando a acreditar apenas
no voto de oposição, na mudança através do choque, na diferença pela superioridade, no nacionalismo pela alienação do Outro. Será que no princípio do século e nos anos 30 os cidadãos europeus (e do mundo) se apercebiam do mundo bélico e fascista para o qual se dirigiam? No dia em que Trump ganhou é importante fazer estas perguntas.
Hoje é um dia triste para todos aqueles que apreciam o centro, a razão, o pragmatismo, e a democracia. Fica a esperança de que a União Europeia consiga responder a este desafio para que a história não se repita.
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