Estatisticas

De quando em quando tenho a tentacao de publicar algumas destas historias no meu FB e de colocar la um link para o blogue. Gosto de escrever e gostava de ser lida por mais pessoas. Dito de outra forma, gostava de ter uma maior audiencia. Mas depois penso que este blogue nao e so meu, e' meu e do meu filho e ele tem direito a sua privacidade. Mais importante ainda, daqui a uns anos (que ja foram mais) vou ter que ter uma conversa com ele acerca da privacidade e daquilo que partilhamos (ou nao) com o mundo e nessa altura nao quero que o blogue seja um exemplo daquilo que nao se faz. Por isso este blogue permanece assim, dificil de encontrar e lido (pensava eu) sobretudo por amigos. 

As estatisticas do google (que manda nisto tudo) dao-me uma imagem diferente. Dizem-me que este blogue tem quase 600 entradas (historias) e que, em cerca 8 anos, teve cerca de 14.700 visitas. Pouco quando comparado com outros blogues, mas muito mais do que qualquer artigo que alguma vez tenha escrito. Os dados relativos aos leitores sao interessantes: neste ultimo mes os paises de onde mais me visitam sao a Belgica, China e EUA. China, pergunto eu??? Belgica??? EUA??? Eu conheco exactamente duas pessoas na Belgica e 0 pessoas que vivam na China! E embora tenha muitos amigos nos EUA nao me lembro de ninguem que fale Portugues! Se vir estes numeros desde que o blogue foi criado o panorama e' diferente: Portugal aparece em primeiro lugar, seguido dos EUA e do Brasil, da Alemanha e da Russia. Ate a Ucrania e Andorra figuram no top ten! Pergunto-me quem lera estas historias, sempre escritas em Portugues e tao banais no seus relatos do dia-a-dia. 

Em termos de comentarios `as historias aqui escritas, o google nao me da numeros mas se a memoria nao me falha sao 2! Por isso, quem quiser aproveite esta entrada para dizer um "ola'!"

Adenda: Afinal ha 86 comentarios! La descobri onde se ve isso.  Parece-me incrivel que sejam tantos, mas o google diz-me que sim. Foi so um erro de 500.000 por cento :)

Ele (de manha)

Eu: amor, ja sao 7.20 tens de acordar se nao chegas atrasado a escola
Ele vira-se para o lado e continua de olhos fechados
Eu: estas a acabar o sonho, e?
Ele: nao, estou a fazer karate
Eu: ah, ok.

Nós

Eu, acordo às 5.15 para trabalhar

Ele, acorda às 5.30!

(Mas volta para a cama com um beijinho)

Eu, preparo um maravilhoso jantar vegetariano - um risotto de vegetais

Ele, pergunta se para a próxima eu não posso fazer um jantar mais... complexo??!!??

Costa!

Ontem fomos à praia, à Costa da Caparica. Estava tão bom!!! O mar estava quente e com ondas e o M deliciou-se dizendo, "eu nasci para isto!"  É uma das coisas que gosto neste país, ir à praia até Outubro!

I-tudo

A conversa desta manhã com o M (as primeiras frases matinais dele são muitas vezes ainda parte sonho) foi sobre um jogo de Quiditch que ele inventou em que era preciso comprar apps na App Store! (E sim, eu limito o uso de i-tudo)

A NATO antes das 7

Ontem acordei com o barulho do M a levantar-se. Eram 6.50. Às 6.51 ele estava deitado a meu lado. Às 6.52 estávamos a ter uma conversa sobre o que é a NATO e como se formou, sobre o papel da Rússia na 2a Guerra Mundial, o que foi a Guerra Fria, e o que é imperialismo Americano e seu papel na criação e manutenção de ditaduras no mundo. Tudo isto antes das 7 da manhã, antes do café, antes do duche, antes sequer ter sequer das palavras terem chegado ao meu cérebro. Foram 20 minutos de conversa. Há quem jogue sudoku para manter a mente em forma, eu tenho o M.

Acordar os "p" e os "o"

Há pequenos episódios que, por não me parecerem importantes, não escrevo aqui mas que acabo por lembrar rotineiramente. Este é um deles. 

No dia em que o M foi para a Dinamarca, e em que dormiu pouquissimo devido à excitação, eu acordei-o e ainda meio a dormir, naquela fase em que os sonhos se confundem com a realidade ele diz-me, "só me acordaste os "p" (pês) e os "o" (ós)".  Gosto disto porque gosto sempre destas pequenas janelas ao subconsciente da minha criança. É bom saber que os sonhos dele são sobre letras...

Assim se engana uma mãe

Estou em Londres e telefono à babysitter para saber do meu filhote. Ele, que normalmente não quer falar comigo, vem ao telefone todo animado. Depois de me perguntar pelo meu trabalho (nisso o M é impecável) e de me contar do seu dia passamos ao essencial, "Amã, tu limpaste a casa?" pergunta-me. Ora estamos a falar de alguém que da última vez que me viu a limpar a casa de banho disse, "não vale a pena limpares, está sempre suja!"  Que ele tenha reparado nalguma limpeza é por isso incrível (e suspeito, mas só percebi isso mais tarde). E eu, embora não tenha limpo, arrumei um pouco e digo-lhe isso. E ele insiste, "mas foste tu que limpaste a casa?"  Eu, confusa, pergunto, "mas tu achas que a casa está limpa, é?" "Sim," diz ele. "Bom", digo-lhe eu, e começo a pensar em arrecadar aqui alguns créditos, "sim, fui eu". "Ah," responde ele rapidamente, "então foste tu que tapaste o meu helicóptero e eu não o encontrava!!!". E eu, tendo percebido o meu erro começo a recuar, "bom, não foi bem arrumar, foi mais estender uns lençois porque estavam húmidos e deve ter sido isso que tapou o helicóptero..."  "Pior ainda!" diz ele sério. "Amä, tu sabes que as coisas electrónicas não gostam de água..."  

Eu já devia saber que o meu filho tem uma lógica implacável. E que eu caio sempre!

A Tana fez 80 anos

Ontem fui á celebração dos 80 anos da minha melhor e mais querida professora, a Tana. Foi com ela que aprendi a ler e a gostar de livros. Mais importante ainda a gostar de aprender e ensinar. A Tana, e a sua Torre, são referências essenciais na minha vida não só por aquilo que me ensinaram. mas também por aquilo que me deixaram não aprender: foi na Torre que me permitiram pegar mal na caneta (hábito que mantenho), e que me deixaram ser teimosa e tomar decisões sozinha aos 9 anos (nunca cheguei a participar naquele folclore da 4a classe). Aquilo que sempre me impressionou na Tana, para além da sua voz que reconheço em qualquer lugar, é a força das suas convicções; a Tana não é apenas professora, mas alguém que ensina por gosto, com orgulho. Numa época em que as escolas eram sobretudo lugares de formatação e de indoutrinação, a Torre, fundada logo após o 25 de Abril, era um oásis de liberdade em que as crianças tinham direitos, vontades e opiniões. PARABÉNS, TANA!

E para aqueles que me perguntam de onde vem a minha veia de Esquerda, quantos se podem orgulhar de ouvir a pergunta, "tu foste preso quando?" numa festa da escola primária?

O microondas

Ontem à noite o M conseguiu atirar o microondas da bancada da cozinha abaixo. Esse foi o primeiro grande feito da noite. O segundo foi eu ter conseguido não lhe dar três berros. E embora arrastar o microondas pela bancada e fazê-lo cair ao chao seja dificil parece-me que eu ganhei.

Nojento

Eu: estas bolachas são nojentas!

Ele: sabem a quê?

Eu: sabem nojentas

Ele: nojento não é um sabor, aprendemos isso na escola...

Mais castigos

Ontem, enquanto chorava por ter perdido a história, o M disse que já tinha sido castigado pela professora e não podia jogar futebol.

Eu: chega, hoje nao ha historia!
Ele: Ama, nao me podes castigar hoje. Hoje tive um dia terrivel...

E tao dificil castigar uma crianca que se expressa bem!

Resulta que no dia anterior o meu filho andou "à luta" com outro miúdo e ficou de castigo a semana toda. Diz o meu que o outro lhe bateu primeiro e que ele não fez "nada". A verdade deve ser um pouco mais colorida. 

Mas eu tenho tanta pena dele porque o vejo com uma total incapacidade de controlar as suas emoções. Mais uma vez, crescer é tão difícil.

Castigos

O castigo de ontem foi não haver livro e ele chorou, chrou, chorou. E eu acabei por ceder, que então ele podia escolher entre não ler nesse dia ou não jogar i-pad até ao fim da semana. Ele escolheu não jogar i-pad. Fico tão contente por ter um filho que gosta de livros. 

Dores de crescimento

Nos dias que correm a minha casa é um campo de batalha. Todo e qualquer pedido que seja feito ao meu crio é respondido com um crescendo de "não, Não, NÃO!!" seguido de lágrimas, pés que batem no chão, portas que se fecham com barulho, e os inevitáveis castigos.

O M insiste que sou uma chata, que não gosta de mim, que eu nunca, mas nunca, faço que ele quer, e que eu faço sempre, mas sempre, tudo contra ele. Vai-se embora. E depois volta, senta-se a meu lado enrosca a cabeça nos meus braços e ficamos assim.

E eu olho para ele com um misto de ternura e de desaquação porque, embora me fruste e por vezes tenha vontade de lhe dar dois berros (que às vezes dou), sei que esta luta não é minha nem contra mim. Um beijinho meu já não cura tudo. O M está a crescer e esta é uma luta interna. Uma das muitas dores de crescimento que aí vêm. 

Por isso permaneço onde estou, aflita por não poder fazer mais, a sofrer com ele porque este é, afinal, o meu bebé.  E dou beijinhos e abracinhos (quando posso), ouço (quando ele fala), explico (quando ele me deixa), e castigo (quando é preciso). 

Crescer é tão difícil. Boa sorte amor pequenino.

Loiro

- M, temos que ir cortar o cabelo esta semana para estares de cabelinho cortado quando comecarem as aulas. 

- Não podemos antes deixar assim para eu ainda ir para a escola com o cabelo louro?

Pois, claro que sim. E já agora, para onde é que foi o meu bebé que não gostava de raparigas e nunca, mas nunca, ia ter uma namorada????

Férias 2014

Estas férias parecem-me infinitas. Já la vão mais de 2 meses e continuam. E ele está feliz. E eu estou já pelos cabelos e a desejar que volte a rotina das aulas. 

Há poucas fotos porque nos tempos que correm o meu filho troca-me por qualquer miúdo de idades compreendidas entre os 7 e os 15. E acorda tarde! Pela primeira vez em 8 anos o M acorda lá para as 9.30 ou 10 da manhã. Que bom!

Quando estamos sózinhos ele alterna entre beijos e abracinhos e resmunguice pegada. Tudo está mal e nada é suficimente (como ele dizia). Ah, e entrámos já na fase de passar o tempo inteiro a corrigir-me e a apontar as minhas faltas. Eu lembro-me de fazer isso em miúda e é um inferno. 

Mas sobretudo, e a pouco e pouco, vai ficando claro que o miúdo está a crescer e que a adolescência está ali ao virar da esquina. 

Ego e humildade

O M relata entusiasticamente uma tarde de jogos com um qualquer amigo. Não me lembro do jogo mas sei que era de futebol. E diz-me, e sabes qual é o meu ponto forte? Não, não sei. E ele explica que são os cruzamentos assim e assado. E o teu ponto fraco? pergunto eu. O poooonto fraco????!!! repete ele devagar e com um tom de verdadeira surpresa na voz. E a resposta chega, rápida e segura, não tenho.

Este enorme ego, acompanhado por uma alta auto-estima, é certamente bom mas às vezes a falta de humildade que o acompanha desespera-me. 

Sem dormir

A meio da noite o M aparece no meu quarto. Diz que lhe dói a barriga. Muito.

- Dói-me tanto que acordei às cinco e já são seis da manhã!! 

Fico à toa. Então o crio acordou e esteve uma hora a penar sózinho antes de vir ter comigo?? Coitado do crio!! Que raio de mãe sou eu??!!

- Então acordaste às 5 e só vieste ter comigo uma hora depois?? pergunto a medo.
- Não, eram 5.50 e agora são 6...

O som do meu alivio era quase audivel. Uff!!!